o0o A Companhia de Artilharia 3514 foi formada/mobilizada no Regimento de Artilharia Ligeira Nº 3 em Évora no dia 13 de Setembro de 1971, fez o IAO na zona de Valverde/Mitra em Dezembro desse ano o0o Embarcou para Angola no dia 2 de Abril de 1972 (Domingo de Páscoa) num Boeing 707 dos Tams e regressou no dia 23 de Julho de 1974, após 842 dias na ZML de Angola, no subsector de Gago Coutinho, Província do Moxico o0o Rendemos a CCAÇ.3370 em Luanguinga em 11 de Abril de 1972 e fomos rendidos pela CCAÇ.4246 na Colina do Nengo em Junho de 1974. Estivemos adidos em 72/73 ao BCav.3862 e em 73/74 ao BArt.6320 oOo O efectivo da Companhia era formada por 1 Capitão Miliciano, 4 Alferes Mil, 2 1º Sargentos do QP, 15 Furriéis Mil, 44 1º Cabos, 106 Soldados, num total de 172 Homens, entre os quais 125 Continentais, 43 Cabo-Verdianos e 4 Açorianos» oOo

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Faleceu José Jesus Cruz

Em Fátima no ano 2010
Faleceu no dia 25 Outubro, de doença oncológica o nosso companheiro José Jesus Cruz, ex-militar do 2º pelotão da Cart.3514, 61 anos de idade, natural de S. Jorge - Batalha, foi com  surpresa, que tomámos conhecimento, e esta tarde na companhia do César Correia, fui a S. Jorge, prestar homenagem ao amigo Zé da Cruz em nome  dos  seus antigos camaradas de armas  e acompanhá-lo nesta derradeira viagem da sua vida. Levar uma palavra de carinho e solidariedade aos seus familiares, em especial à sua Esposa, Filhas, Filho, Genros, Neto, que tiveram a gentileza  de nos participarem o seu óbito, assim como a hora e local das exéquias, bem hajam.
Carvalho

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Um tasco no caminho

Em finais de 72 o “Bidonville” na Colina do Nengo estava em fase de acabamentos, reunindo as condições mínimas para a instalação do Comando da Companhia, até então sedeado no Quartel do Batalhão em Gago Coutinho, desde a saída de Luanguinga em Junho desse ano. O grosso do pessoal operacional, acampou junto à ponte do rio Mussuma, onde iniciámos a construção de algumas estruturas básicas, mas foi sol de pouca dura, os oito  kms que nos separavam da vila era uma tentação, o “desenfianço de homens e viaturas” não auguravam uma estadia prolongada naquele local. A distância cada vez maior á frente de trabalhos, a logística e a segurança acabaram por  acelerar a mudança para o alto da colina Nengo, de onde dominávamos visualmente a zona envolvente, a meio caminho na picada para Ninda, onde acabamos desterrados até ao final da comissão.
«Foto de Dias  Monteiro» - Destacamento Rio  Mussuma Julho 1972
Estávamos em Dezembro, tinha acabado de chegar com o Medeiros de umas curtas férias, ele nos Açores, eu na Metrópole, estava no Nengo com o 1º Grupo, quando o Rodrigues recebeu ordem para preparar o pessoal, havia um reconhecimento, de dois dias a jusante do rio na margem esquerda, ao longo da encosta, até à confluência do primeiro afluente, uma dezena de kms de distância, pernoita e regresso no outro dia ao longo da orla da chana. Já tínhamos dormido na mata algumas vezes na protecção à D8, que fazia a desmatação na frente de trabalhos, conhecíamos o ambiente nocturno, com todos aqueles sons estranhos e animais rastejantes, à procura duma refeição, foram dois anos a contar estrelas. O Medeiros participou voluntariamente, por indisponibilidade do Arlindo de Sousa, o Dias da Rosa passou uma manhã a costurar um colete para granadas do M.60 ao Lourenço do Carmo, levamos também o David Ramos Vaz, que o António Soares carinhosamente tratava por “Bagaço” era seu adjunto na brigada das obras e manutenção do destacamento, tinha retornado ao pelotão por infringir a “lei seca” semanas a fio. 
Patrulha no Nengo em 1973
Saímos cedo, progredindo em trilhos de caça, quase sempre com a chana á vista, a meio da manhã ao explorar um antigo caminho vindo do rio, detectamos sob a copa do arvoredo o esqueleto duma velha cubata com alguns artefactos artesanais de pesca, à muito abandonados, depois uma paragem mais prolongada para ingerir a RC, na parte da tarde o calor os insectos e o prurido causado pelos pólenes, não deram tréguas, também a arma, os carregadores, as granadas, o saco dos apetrechos, o bornal e o cantil, começaram a fazer mossa.
O final da tarde aproximava-se, havia que procurar um sitio para pernoitar, acampamos numa zona arborizada em chão de areia, depois descemos em grupos até ao rio para reabastecer os cantis, escolhido o lugar, havia que montar a segurança, determinar os locais de cada secção, nivelar e limpar o local de aconchego, acolchoá-lo com folhas, trocar de meias fazer alguma higiene, comer e descansar. No outro dia madrugamos cedo, noite mal dormida, algum frio entranhado nos ossos, aquela maldita neblina matinal que repassava a vegetação e ofuscava a visibilidade, a falta do tabaco, o mau hálito, a sujidade, as botas a ferrar o dente, o mata bicho sabe mal, apenas os cubos de marmelada consolam o palato, desfazemos os nichos, enterramos o lixo, camuflamos os vestígios, preparamos o regresso..
Nengo Nov. de 73 - Carvalho, Liberto, David Vaz, Barbas, depois Beringel e Eduardo Barros
Na hora da partida estala a gargalhada geral, vemos o David Vaz de gatas numa azáfama, remexendo o chão em volta do lugar onde pernoitou, alguém pergunta, o que é que perdeste? Oh porra, perdi o meu dinheiro..! Returque o “Estrangeiro” (Almeida Correia) com sacanice, para que trouxestes dinheiro seu ca..lho? Sei lá, podia-mos ter a sorte de encontrar um tasco no caminho…!! Só o David Vaz me fazia rir naquela hora, ainda o consigo imaginar de kiko na cabeça á “tronga-mocha”, beata ao canto da boca, patilhas e bigode mal aparados, naquele seu estilo desengonçado e castiço, mas muito trabalhador e subordinado.
No caminho de regresso ao longo da orla da mata, antigas palhotas queimadas e pequenas lavras familiares abandonadas com algumas árvores de fruto, maltratadas pelo tempo e pela seca, onde recolhemos algumas mangas resinosas e laranjas engelhadas, mais há frente uma longa mancha de terra ocre, estéril e torrada, cotos de madeira carbonizados, resquícios do que teria sido outrora uma grande lavra, arrasada pelo efeito do napaln muito utilizado nesta zona.  .
"Foto Kamangas" 1973 - Destruição de lavra com bomba de Napalm
As populações habitavam ao longo das margens dos rios, em pequenas comunidades, subsistindo das lavras, da pesca, do mel e da caça. Com o inicio da guerrilha, foram deslocalizadas e intimadas a viverem, em guetos de arame farpado na periferia de vilas, em agrupamentos étnicos, controladas socialmente, por sobas, milícias e pide, subtraindo-os à influência dos guerrilheiros e evitando que dispersos no mato fossem fonte de recrutamento fácil e coercivo.
Adeus até ao meu regresso

domingo, 9 de outubro de 2011

Noticias de Lumbala Nguimbo

Placa toponímica
 Educação -
Pelos menos 160 novos professores e 40 salas de aulas são precisos no município dos Bundas, para cobertura da rede escolar e inserção de crianças fora do ensino, no próximo ano lectivo. A preocupação foi manifestada hoje, na vila de Lumbala-Nguimbo, sede municipal dos Bundas, pelo chefe da Repartição local da Educação, André Catongo explicou que a Repartição actualmente controla 160 professores e 40 salas de construção definitiva, números ínfimos tendo em conta a explosão escolar que se regista naquela circunscrição nos últimos anos. Neste ano lectivo prestes a terminar, segundo André Catongo, estão registados 17.335 alunos da iniciação à 9ª classe e 5.412 ficaram fora do sistema de ensino por insuficiência de professores e salas de aula. Solicitou igualmente a introdução da merenda escolar, como forma de incentivar as crianças a permanecerem nas escolas.
As comunas de Luvuei e Lutembo, no município dos Bundas, vão ainda este ano contar com novas infra-estruturas escolares e sanitárias, no quadro da implementação do programa de desenvolvimento rural e combate à pobreza. Segundo a Angop de fonte oficial, em cada sede comunal, está em construção uma escola primária com quatro salas de aula cada, um posto de saúde e residências para os respectivos quadros. Igualmente estão a ser instalados sistemas de captação, tratamento e distribuição de água potável e de iluminação pública, que irão melhorar o atendimento das populações e mudar a imagem das duas localidades.
Na mesma perspectiva, a localidade de Lucula, 30 quilómetros a norte da vila de Lumbala Nguimbo, está em construção uma escola primária com igual número de salas de aula, um posto de saúde e duas residências para professores e enfermeiros.
Na sede do município (Lumbala Nguimbo) está em execução a reabilitação e ampliação de uma escola primária e construção de um depósito de medicamentos e um armazém para produtos agrícolas. O município dos Bundas conta com uma população estimada em mais de 70 mil habitantes, subdivididos em sete comunas, que na sua maioria se dedica na agricultura, caça e pesca artesanal.

  • AngolaPress
  • segunda-feira, 3 de outubro de 2011

    Noticias de Lumbala Nguimbo

    Placa Toponímica
    Saúde - O Município Bundas na província do Moxico, terá no final deste ano, um núcleo local de dadores de sangue, visando acudir às respectivas unidades sanitárias, a informação foi avançada no Luena, pelo presidente da referida associação provincial, António Pinto “Mata-bicho”, que garantiu estarem criadas as condições para a implementação destes núcleos, aguardando apenas a resposta das respectivas administrações municipais. Fez saber que os municípios do interior da província nunca tiveram bancos de sangue e esta é uma experiência “piloto”, que será extensiva aos outros municípios, de forma a diminuir mortes por falta de sangue. Solicitou apoios das administrações municipais dentro dos seus programas de acção e de outros parceiros sociais, quanto ao estímulo dos associados. Concretizada a intenção diminuir-se-á casos de mortes por falta de sangue nos hospitais e centros sanitários.
    Vacinação - 9.390 petizes dos zero a cinco anos de idade foram vacinados contra pólio e sarampo, em Lumbala-Nguimbo, município dos Bundas, província do Moxico, na fase urbana da campanha “Viva vida com Saúde”. De acordo a supervisora municipal do Programa Alargado de Vacinaçao (PAV), Maria Muteche, 5.540 petizes foram imunizadas contra a poliomielite e 3.750 receberam vacina anti-sarampo. Segundo a fonte, durante a primeira fase realizada de 9 a 13 de Setembro 4.272 petizes receberam a vitamina (A), para prevenção da cegueira, e 3.543 receberam albendazol (desparasitante). A fase rural, última da campanha, iniciada a 19 de Setembro já terminou. Finda a campanha, o PAV tem a previsão de vacinar 10.403 petizes menores de cinco anos, em todo o território do município dos Bundas. 
    Estão envolvidos na campanha cinco brigadas, constituídas por sete técnicos cada

  • AngolaPress